
Gênero: Pop
Gravadora: Republic Records
Data de lançamento: 3 de outubro de 2025
O show acabou: “The Life of a Showgirl” prova que sucesso não é sinônimo de arte. Taylor Swift se apresenta como a estrela de um espetáculo que esqueceu o enredo.
Taylor Swift fez com que todo mundo adiantasse seus lançamentos para setembro ou adiasse para após o período de festas de final de ano para que pudesse ocupar todos os gráficos de vendas da Billboard neste outubro. “The Life of a Showgirl” fez a indústria musical esfriar para que ninguém tentasse competir com seu lançamento.
A maior artista do planeta hoje (numericamente) provocou fãs e curiosos com uma estética de cabaré luxuoso sofisticado meio carnavalesco semanas atrás dando ênfase no envolvimento do superprodutor musical Max Martin. A aposta era: o retorno ao pop após o criticamente tenebroso “The Tortured Poets Departament” (2024), que ainda estamos tentando nos recuperar de tamanho desgosto.
Desde o início, “The Life of a Showgirl” nunca escondeu que seria um disco pop depois de experiências negativas como “Midnights” e “The Tortured Poets Department”, que, não, não venderam mal de nenhuma forma, mas é apenas isso que pode se entregar? Não estamos escrevendo esta análise baseado nisso, então vamos lá…
Após um tempo focada em navegar entre folk, country e synth-pop com “folklore”, “evermore” e “Midnights”, Swift volta a colaborar com Max Martin para recuperar o sucesso em singles que encalharam em “reputation”. Em suas últimas eras, Swift voltou seus esforços em vender discos inteiros em vez de promover canções para evidenciar os álbuns como a maior parte da indústria faz, promovendo incontáveis versões com diferentes capas, edições e tokens exclusivos, multiplicando vendas de unidades de forma assustadora.
Ser uma business woman faz parte do negócio e ela é uma das maiores potências em criar fontes de arrecadação utilizando desavenças com artistas, pessoas anônimas e ex-relacionamentos amorosos, como o caso de adquirir direitos de suas músicas após um negócio controverso com o empresário estadunidense Scooter Braun que ganhou os holofotes ao usar a narrativa de “artista roubada”.
Tá, a turnê The Eras arrecadou mais de 1 bilhão de dólares com ingressos vendidos ao redor do globo, mas onde entra a qualidade de todos os seus projetos? Musicalmente, Swift tem sido uma das maiores pequenezas, que não lhe traz prestígio artístico nenhum, visto que não é uma vocalista e até suas composições que são parte a serem elogiadas por seus fãs mais aguerridos não transmitem emoção através de sua voz seca que mais simula uma conversa entre duas pessoas via áudio por WhatsApp.
Taylor chegou a um ponto de sua carreira que não há o que dizer ou se vitimizar, ela é uma das maiores potências financeiras da música, mas ainda insiste em adotar uma postura de perseguida ou de “cancelada”.
Sua carreira vai bem e, até a data de redação desta análise, o disco está projetado para estrear com 4 milhões de unidades vendidas apenas nos Estados Unidos em sua primeira semana de lançamento, quebrando o recorde de “25” de Adele lançado em 2015, mas você deve ter percebido que tudo nesta análise tem se baseado em números. Isso ocorre porque é a única coisa impressionante que ela pode entregar, já que “The Life of a Showgirl” estará com 13 versões com capas diferentes na estante de seu fã mais aguerrido e no final isso não irá revolucionar nada artisticamente nem irá referenciar nada para ninguém.
Coincidentemente ou não, Showgirl tem 12 faixas, talvez por ser o décimo segundo disco? Não sabemos… Como dito anteriormente, Max Martin está por aqui em vez do previsível Jack Antonoff e, bom, nem ele conseguirá salvar Swift de tamanha incoerência visual e sonora.
O projeto foi apresentado como um disco festivo com estética de cabaré como citado no início desta análise, mas sonoramente isso é completamente desconexo. Enquanto visualmente “The Life of a Showgirl” te traz para uma ambientação quente e ousada, sonoramente te leva para um ambiente fechado com luzes frias e apática, configurando uma contradição.
O disco contém uma duração de 41 minutos que irá te deixar na expectativa de ouvir algo que faça sentido com a fantasia carnavalesca de Swift que vai te levar até o final para não te entregar. Você gastou dinheiro com 13 versões apenas para fazer parte do plano de arrecadação de Taylor e não para o disco te dizer algo.
Liricamente, Swift tem mudado o conceito de compositora extraordinária que era lhe imposto para uma mera misturadora de palavras que tenta soar prolixa, e sua voz não projeta nenhuma emoção, seguindo uma impostação vocal falada como se fosse apenas uma narração de uma histórica que tenta ser filosófica em alguns momentos, mas soa embaraçoso.
Há quem diga que esse declínio de composição se deva à recorrência de lançamento de discos, entretanto, deixamos essa opinião para vocês…
Ainda no lirismo, não podemos deixar de mencionar versos constrangedores como “eu posso fazer acordos com o diabo porque meu p** é maior” em “Father Figure” ou “ouvi que você me chama de ‘Barbie entediante’ quando a cocaína te deixou nervosa” em “Actually Romantic”, citando indiretamente a artista britânica Charli xcx em referência à “BRAT” (2024).
“CANCELLED!” é uma das maiores tosquices que já escutamos ao entender que tipo de artista ela é. Adotando novamente a postura de perseguida e “cancelada”, ela satiriza a cultura de cancelamento ao distorcer críticas por se vincular publicamente com figuras da extrema-direita que participam abertamente do movimento extremista MAGA (“Make America Great Again” – ou “Faça a América Ser Grande Novamente”) liderada pelo presidente estadunidense Donald Trump e seus apoiadores.
Irônico ainda é que “Wood”, uma faixa que traz um sample de “I Want You Back” (1969) do Jackson 5, que, por sinal, é o ponto mais alto do disco antecedendo “CANCELLED!” soa muito de mal gosto, mesmo que não intencional.
A adição exclusiva de Sabrina Carpenter como colaboração também não empolga, mas também culpamos a falta de energia artística como ocorrido em “Man’s Best Friend” (2025).
O show acabou: “The Life of a Showgirl” prova que sucesso não é sinônimo de arte. Taylor Swift se apresenta como a estrela de um espetáculo que esqueceu o enredo.
NOTA:

Escute “The Life of a Showgirl” de Taylor Swift aqui: