
Gênero: Country / R&B / Pop
Gravadora: Mercury Records / Republic Records
Data de lançamento: 17 de maio de 2024
Em “ROOM UNDER THE STAIRS”, ZAYN está procurando por paz. Em seu quarto álbum de estúdio, o artista britânico encontra a maturidade que os 30 anos de qualquer um traz.
No último dia 17 de maio, ZAYN lançou seu quarto álbum de estúdio intitulado “ROOM UNDER THE STAIRS”. O disco sucede o esquecível “Nobody Is Listening” (2021).
Segundo ZAYN, “ROOM UNDER THE STAIRS” é uma continuação direta de “Nobody Is Listening”. Para a revista de música Rolling Stone, ele disse que este novo álbum “vem de um lugar de vulnerabilidade e honestidade (…) é cru e despojado”. Ao escutá-lo, isso é um fato.
Produzido por ele mesmo, Carter Lang, David Cobb, German, Gian Stone, James Ghaleb e Rodaidh McDonald, o disco possui influências do gênero country, americana, rock e R&B.
Sonoramente, o disco é majoritariamente country com misturas de americana e um rock sutil. Vocalmente, a abordagem é ainda de R&B, que vimos no ZAYN de seu álbum de estreia, “Mind Of Mine” (2016).
Indo na contramão de seu álbum antecessor, os arranjos são mais preenchidos e bem trabalhados, o que logo dá uma robustez maior comparado ao seu disco anterior.
O disco inicia-se com “Dreamin”, um country tradicional com elementos de jazz e R&B, acompanhados de uma voz com um timbre que desenha o lírico com melismas e notas curtas, enquanto ele canta: “deixe-me dizer o que eu digo / eu estive sentindo / sim, estou sonhando com minha vida / só preciso nivelar com o céu / e parece viver na minha mente / eu estive sonhando, me sentindo assim / eu estive precisando de outra coisa / eu sei o que é quando vejo / não aguento mais esse sentimento”. A ponte cresce até estourar com ZAYN cantando com a voz rasgando melismas à moda de John Legend com muita elegância.
A seguir temos o single carro-chefe do disco, “What I Am”, que já resenhamos e você pode ler a análise/review AQUI.
Em “Grateful”, temos um arranjo R&B seguido de um blues pesado seguido de uma voz obscura, enquanto ele canta com sua voz reverberada o refrão: “sim, estou grato por você / amando quando a chuva cai / amando quando as ondas descem / sim, estou grato por você / hoje em dia eu vivo de acordo com minha representação / hoje em dia, não encontro nenhuma aflição / hoje em dia não preciso de nenhuma restrição / sinto que encontrei um novo vício”. A faixa desliza e escorrega como manteiga quente numa melancolia envolvente que agrada muito. As camadas de voz que conversam com a voz principal no refrão elevam a experiência, em especial no refrão final onde as cordas do violino são provocadas à moda de “FutureSex/LoveSounds” (2006) de Justin Timberlake. Vale a sua escuta!
A seguir temos “Alienated”, um dos singles do disco. Seguido de um violão distante e sutilmente ecoado, ZAYN introduz a faixa com uma voz grave soprosa e preguiçosa que o leva até um refrão na voz de cabeça que comprime uma sensação de prisão: “não existem duas pessoas iguais / fico ao seu lado, mas longe o bastante / na noite passada, estávamos bebendo / tentando pensar até a dor passar / cometi aquele velho erro / tentei desconectar meu corpo / da minha alma, da minha alma / veja, eu já me sinto bem sozinho / pode me deixar ficar intoxicado sozinho? / preciso responder ou corrigir meus erros? / estou mesmo em casa se não conheço este lugar? / e eu ando me sentindo meio alienígena, sozinho na minha nave espacial / digo adeus ao passado, deixo tudo pra trás com um riso / porque você sempre esteve certa”. O arranjo da faixa é um country brilhoso comum que funciona acompanhado de uma voz com abordagem de R&B.
“Woman” inicia-se com um teclado gospel-soul-ish que introduz uma guitarra lenta e tímida, enquanto ZAYN canta com um timbre grave belíssimo. Ao se encaminhar para o refrão, ele pressuriza sua voz como um cantor country dramático em meio à poeira do Texas: “desde a Idade da Pedra / eu estive chapado / vivendo sozinho, por minha conta / então ela apareceu / me fez acreditar / me fez acreditar, eu não a deixaria / terminei de desperdiçar meu tempo / estou vivendo embaçado como essas linhas / encho meu copo para esquecê-la / conheci-a no gueto / este é o meu fim / meu fim é o que está me segurando / agarrei o controle e então tomou controle de mim em minha mente”.
Em “How It Feels”, a abordagem vocal de ZAYN fica ainda mais rasgada, e ele muda seu timbre propositalmente, enquanto canta acompanhando um piano e uma guitarra que vai desenhando o arranjo: “calafrios pela minha espinha / nunca esqueça de me lembrar que estou vivo / até que eu deixe ir deste momento / algo me segurando neste lugar / eu estive quebrando, toda essa falsidade / estou apenas mentindo na sua cara / e eu não posso te dizer como se sente”. A ponte vai crescendo enquanto ele ameaça aumentar os tons das notas enquanto canta “quebrando meu coração…”, mas deixa a sensação se esvair e o clímax não acontece, o que tira a potência da faixa.
A seguir temos “Stardust”, que também serviu como single do disco. Este é um dos momentos no qual você irá bocejar numa canção de ninar que parece ter sido feita para os créditos finais de um filme romântico natalino da Netflix com classificação livre. Diante de um teclado sintetizado agudo e palmas que simula um grupo ao redor de uma fogueira, ele canta com um timbre lindo: “parece poeira estelar flutuando ao nosso redor / disparando pelo céu grande e escuro / parece poeira estelar caindo ao nosso redor / engraçado como ela nos encontrou / talvez eu, talvez eu…”.
Em “Gates Of Hell”, temos uma mudança de timbre tão brusca que você irá achar que está escutando uma música de Aaron Neville. Com vibratos com intervalos longos e uma voz anasalada, ele canta mediante um violão ritmado e um sintetizador grave que vai batendo no arranjo, enquanto ele canta: “eu, eu não gosto muito de você / mas continuo aguentando suas merdas / eu não gosto muito de você / mas continuo aguentando suas merdas / sim, nós nos afastamos como ilhas / e eu quero flutuar nesta onda / um dia diferente, tempo e significado / e eu sei que faria tudo igual”.
Em “Birds Of A Cloud” continuamos a seguir a proposta das faixas anteriores, mas desta vez um pouco mais acelerado. O pop desliza diante de uma impostação vocal que te lembrará dos tempos do One Direction: “quando penso nas coisas perdidas / penso no amor dela / tirei o pé do pedal / acho que é tão suspeito / e uma vez que eu faço um escândalo / não preciso de medalhas / por favor, me dê mais um dia de felicidade / porque eu preciso, eu preciso / por favor, me dê mais um dia de felicidade / eu preciso, eu preciso / por favor, me dê mais um dia”, ele recita.
A proposta continua em “Concrete Kisses”, “False Starts” e “The Time”. Os arranjos são muito semelhantes e o lírico mostra a mesma energia poética, o que pode fazer com que você sinta que está a escutar a mesma coisa recorrentemente.
“Something In The Water” é um R&B degustante e espetacular, que parece ter saído direto da gaveta de “Purpose” (2015) de Justin Bieber, com a presença de um blues elegante. A voz de ZAYN encaixa perfeitamente com o gênero, e por favor, ele nunca deveria ter saído. A voz sensual, no tom e conectada é tão deliciosa entre os versos: “deve ter algo na água / eu posso sentir você na atmosfera / não fale muito até falarmos em línguas / um a um / juro que você está fluindo pelo meu sangue / deve ter algo na água / na beira até você me puxar / me deixou pingando naquele amor à moda antiga / me sirva um pouco, sentimentos me deixando anestesiado”. Esta vale a sua escuta, com certeza.
“Shoot At Will” é o momento em que você aprecia apenas a voz no tom, com fry e grave de ZAYN durante uma carta aberta: “fiquei no baile e me diverti / porque tinha algumas besteiras na minha mente / vou com a maré / quando olho para ela, tudo o que vejo é você / quando você olha para ela, você me vê também? / isso não ocorre para você? / você não prefere a verdade? / eu estava apaixonado por você / embora não tenha mostrado as provas / acabei de dar uma tragada, oh, não é um saco? / quando você sente que a história está te puxando para trás / sim, eu estive correndo descalço em um campo / sim, um sonho que deu errado / porque parece que a história está me puxando para trás / porque parece que a história está me puxando para trás”, ele declara.
O ato de encerramento fica à responsabilidade de “Fuchsia Sea”. O R&B obscuro toma conta diante de uma voz mista forte que introduz a um refrão belo feito por backing vocals: “devoção feroz / não consigo manter, estou caindo em movimento / devoção feroz / não consigo manter, estou caindo em movimento”. Ele finaliza o disco, deixando em aberto questões com o trecho: “estou cansado do cinza / estou cansado da dor”.
Em “ROOM UNDER THE STAIRS”, ZAYN está procurando por paz. Em seu quarto álbum de estúdio, o artista britânico encontra a maturidade que os 30 anos de qualquer um traz.
NOTA:

Escute “Room Under The Stairs” de ZAYN aqui:
Muito bom Rayan.