“JAGUAR II” de Victoria Monét é tão extraordinário que nem parece ser real

Em 25 de agosto de 2023, Victoria Monét lançou seu álbum de estreia, entitulado “JAGUAR II”. O lançamento aconteceu após Victoria unificar a trilogia de seu EP “JAGUAR” que ficou resumida a apenas dois atos, invés de três, após um atraso no lançamento do álbum de estreia.

Isso não impediu que Victoria entregasse um dos álbuns mais extraordinários de 2023.

Apesar de ser seu álbum de estreia e ela estar fresca no cenário como artista solo, Victoria já se mostrou ser uma compositora respeitada e habilidosa. Quem aí não conhece “thank u, next” (2018) de Ariana Grande? Se você já escutou Nas, Travis Scott, Fifth Harmony, Chris Brown, Coco Jones ou Chloe x Halle, certamente você já escutou uma composição dela sem ao menos saber.

Monét inicia seu álbum com a agridoce “Smoke”, sua colaboração com Lucky Daye, e por aqui, este é o único ponto baixo deste álbum, no qual te faz pensar que o que está por vir é algo também agridoce. Isto foi um erro de Monét. Seguimos…

Nas faixas seguintes, escutamos uma produção com instrumentos afinados, harmonias autênticas e vocais tímidos, para que não fique difícil de degustar. É o caso de “How Does It Make You Feel” e “Stop (Askin’ Me 4Shyt)”.

Victoria utiliza instrumentos reais, que unificando com sintetizadores clássicos do R&B traz uma originalidade muito difícil de se ver na música contemporânea. Em “How Does It Make You Feel” ela canta:

“Eu sempre amarei você sem compromisso
Profundo que os mares e mais alto que o céu
Até que não reste mais nada, você estará no meu passeio
Faça chuva ou faça sol, você será meu para sempre
…
Ooh, como você se sente?
Como isso faz você se sentir?
Como isso faz você se sentir
Ser amado de verdade?”

A linha melódica é tão bem-casada com o lírico quanto qualquer outra coisa. Esta faixa é uma das que vale a pena escutar e adicionar à sua lista de reprodução do Spotify.

A capa de seu álbum (volte ao topo da página deste artigo) representa muito bem como o clima noturno e abafado pode ser estelar e mágico, o que também traz coerência ao conjunto que há dentro dele.

Em “I’m The One”, Monét canta:

“Eu poderia estar cavalgando de volta para você, câmera lenta na praia
Peitos balançando e tudo mais
Eu poderia ser aquele com quem você senta bem ao lado
Toda vez que você entra em um trem
Ou aquele que você elogia frequentemente, que conhece todos os seus problemas
Porque eu sou aquele para quem você liga para desabafar
Eu poderia estar bem na sua frente, gritando com você
Enquanto aceno em silêncio, isso é enviado dos céus
…
E mesmo assim você não veria
Eu sou aquele que você precisa
Por que você não vê
Eu sou aquele que você precisa?”

Sua indignação na faixa é tão flagrante que isso é refletido em frases longas como a deste trecho citado acima, que o canto é feito de forma acelerada, como se fosse um desabafo, o que é totalmente relacionável.

O divertidíssimo single “On My Mama” – multi-indicado ao The Grammy Awards 2024 (incluindo Gravação do Ano e Melhor Canção de R&B) – é um primor de faixa com um videoclipe também divertidíssimo (assista aqui), onde Monét canta:

“Eu juro pela minha própria mãe, pelo meu bairro
Eu pareço elegante, eu pareço bem
Você não pode tocar na minha bolsa, quem dera você pudesse
Eu pareço elegante, eu pareço bem demais
Juro pela minha própria mãe, pelo meu bairro
Eu pareço elegante, eu pareço bem
Você não pode tocar na minha bolsa, quem dera você pudesse
Eu pareço elegante, eu pareço bem demais”

A faixa retrata a emancipação que todos nós enfrentamos durante a vida, mas sem perder nossas raízes, e no videoclipe isso também é bem retratado.

A faixa tem sintetizadores de R&B junto com instrumentos ricos como o trompete, acompanhado de um sintetizador característico da música urban. A faixa é tão boa que é uma das mais tocadas atualmente do gênero nas rádios dos Estados Unidos.

O álbum de estreia de Victoria Monét é tão extraordinário que nem parece ser real.

NOTA:

Escute “JAGUAR II” de Victoria Monét aqui