
Gênero: R&B / Hip-hop / Pop
Gravadora: Island Def Jam
Lançamento: 12 de abril de 2005
Em 12 de abril de 2005, Mariah Carey lançava seu décimo álbum de estúdio, intitulado “The Emancipation of Mimi”. Após seus dois álbuns “Glitter” (2001) e “Charmbracelet” (2002) que declinaram em sucesso e em recepção crítica, as expectativas pelo seu marco de décimo álbum de estúdio eram baixas. As alegações de que ela tinha perdido sua voz suprema dos anos 90 havia intensificado, as críticas à sua vida pessoal eram duras e seu retorno popularizou o termo comeback.
Como single carro-chefe do álbum, Mariah optou por abrir sua era com a elegante e divertidíssima “It’s Like That”, colaboração com Jermaine Dupri e Fatman Scoop. Para um carro-chefe de um álbum, o desempenho do single foi morno, estreando na posição de n° 53 na parada de sucesso da Billboard, Hot 100. Nas semanas seguintes, atingiu seu pico de n° 16. A faixa foi o melhor desempenho de Mariah desde “Loverboy” (2001).
A faixa é uma canção que aborda basicamente sobre diversão, sucesso em relação a bens materiais e em seu videoclipe – primeiro de uma sequência de outros -, Mariah mostra intimidação por um rapaz na reta final do clipe, representado pelo ator Wentworth Miller (de “Prison Break”).
O álbum inicia-se com o single carro-chefe mencionado acima, e a seguir vem a espetacular e atemporal “We Belong Together”, que foi nomeada como a Música da Década pela revista estadunidense Billboard. A faixa é um dos maiores atos de Mariah de toda a sua carreira, o desafio enorme em cantar a faixa é tão grande que até hoje não se há registro de um cover ao seu nível. Isso não impediu que a música fosse uma das de maiores sucesso da década de 2000, ficando em 1° lugar nas paradas de sucesso da Billboard por quase 4 meses cumulativos – ou 14 semanas -, sendo um dos maiores sucessos de toda a história dos Estados Unidos.
Na faixa, Mariah canta o inesquecível verso:
“Quando você partiu, eu perdi um pedaço de mim
É tão difícil de acreditar
Volte, amor, por favor
Porque nós pertencemos um ao outros
Em quem mais irei me apoiar quando os tempos ficarem difíceis?
Quem vai conversar comigo no telefone até o amanhecer?
Quem vai te substituir? Não há ninguém melhor
Oh, amor, amor, nós pertencemos um ao outro”
A faixa é uma união de R&B com hip-hop com poucos elementos, mas que funcionam de maneira extraordinária. O piano que traz o drama à faixa é esplêndido, e a estrofe de rap que Mariah canta também é fenomenal. Ela canta:
“Eu não consigo dormir à noite quando você está na minha cabeça
Bobby Womack está tocando no rádio
Cantando pra mim ‘Se Você Pensa Que Está Sozinha Agora’
Espere um minuto, isso é muito profundo (muito profundo)
Eu preciso mudar de estação
…
Então, giro o botão tentando dar uma relaxada
E então escuto Babyface
‘Eu só penso em você’, e isso está partindo meu coração
Eu estou tentando me manter firme, mas estou desmoronando
…
Eu estou me sentindo fora de mim, jogando coisas
Chorando, tentando entender onde diabos eu errei
A dor refletida nesta música não é nem metade do que eu estou sentindo por dentro
Eu preciso de você, preciso que você volte na minha vida, amor”
A faixa entra num dos clímaxes mais bem feitos da história da música, Mariah eleva o tom de sua voz levando ao topo de sua tessitura, reforçando o refrão da música até terminar com um belíssimo belting longo e com vibrato. Definitivamente uma escuta obrigatória para esta faixa, sem hesitar.
Em “Shake It Off”, que também serviu como 3° single para o álbum, Mariah retrata seu descontentamento com um amor ruim, desvalorizante, o que a faz cantar num R&B mais lento:
“(Eu tenho que me livrar de você)
Porque o amor não é mais o mesmo
E você contínua a jogar joguinhos
Como se soubesse que estou aqui para ficar
(Eu tenho que me livrar, livrar de você)
Como no comercial da Calgon, eu
Realmente tenho que sair daqui
E ir para algum lugar”
Em comparação com a faixa anterior, fica parecendo um antagonismo, tudo bem haver, mas com as duas faixas juntas. Talvez quiseram colocar as faixas single no início…
Num trecho meio falado, Mariah canta:
“Eu descobri sobre um bando
Dos seus pequenos atos sujos
Com essa e aquela outra na piscina
Na praia, nas ruas
Ouvi que vocês
Espere, meu telefone está falhando
Eu vou desligar e ligar novamente
Tenho que tirar isso da minha cabeça”
Esta parte é tão bem conduzida, que eleva ainda mais o nível da faixa.
A faixa encerra com Mariah fazendo alguns ad-libs e soltando um whistle bem harmônico que some junto com o fade out da música.
Na faixa seguinte, “Mine Again”, Mariah volta a aniquilar todas as alegações de que sua voz havia “sumido”. A faixa que é um R&B raiz com elementos de soul e jazz, ela canta algo devastador e sua voz ressalta ainda mais. No refrão, ela canta:
“Talvez você possa ser meu novamente
Talvez nós possamos tornar aquele sonho realidade
Como era naquele tempo
Quando o amor era seu e meu
Talvez nós possamos trazer isso de volta à vida”
A pressão e a ressonância de sua voz é tão absurda, que vai fazer você se arrepiar.
Na ponte da canção, Mariah dramatiza e sua voz se prepara para um clímax ainda mais sensacional. Ela canta:
“Não, não, ainda não terminou
Eu não posso aceitar a possibilidade
De não termos sido feitos um para os braços do outro
Eu sei que você é meu destino
Não podemos apagar o que foi predestinado
Parte de você e parte de mim
Se tentarmos mais uma vez
Talvez, de alguma maneira, conseguiremos”
Ela finaliza com o refrão no topo da sua tessitura, assim como ela fez em “We Belong Together”, e finaliza com um whistle junto com o fade out da faixa onde ela canta “maybe you could be miiiiine…”.
Na próxima faixa, “Say Somethin’”, colaboração com o rapper estadunidense Snoop Dogg. Esta faixa parece mais ser uma transição para as próximas partes do álbum, a junção dos dois é ótima, mas após as faixas de tirar o fôlego, essa vai te preparar para os próximos atos. A faixa é bastante experimental, até por ter a produção de The Neptunes.
Em “Stay The Night”, Mariah canta em belting todo o tempo, mas o lírico da faixa não demanda isso. Talvez ela quisesse passar fúria por seu amado não ficar para passar a noite com ela. A atmosfera da faixa é luminosa, mas noturna. Ela canta:
“Você fica dizendo: fique por essa noite
Apenas deixe-me te embalar até o nascer do sol
Está tão frio lá fora
E é muito tarde para dirigir
Você sabe que preciso de você, querido
Estou tão perdida sem o seu amor”
Na reta final da música, Mariah intensifica ainda mais o tom de sua voz a ponto de parecer quase um glissando até quebrar e a faixa encerrar.
Em “Get Your Number”, colaboração com Jermaine Dupri, a faixa segue a mesma linha de “It’s Like That”, mas nesta há um sample – ou amostra – de telefone fixo discando, o que deixa a música ainda bem mais divertida. A canção é mais inclinada para o pop. E o lírico também é bem divertido:
“Oh, droga
A boate vai fechar em um minuto
Posso ter seu telefone, querida?
Para podermos levarmos isso a diante
Deixe-me vir e te pegar
E te levar para sair
Posso ter seu telefone, querida?
E então poderei te mostrar quem eu sou de verdade
Quem eu sou de verdade
Droga”
A faixa é um retrato característico do R&B da época, onde as músicas tinham diálogos entre artistas que colaboravam juntos.
“Circles” é uma faixa que parece mais ser uma extensão de “We Belong Together”, mas que não funciona tão bem quanto. Pouparemos comentários.
Destaque para as inspiradoras “Joy Ride” e “Fly Like a Bird”. Não há nenhum encerramento tão espetacular, extraordinário e sensacional quanto dessas duas faixas. Mariah mostra que sua voz está ainda mais potente e ela prova de uma vez por todas – mais uma vez – porque ela foi nomeada como a Songbird Supreme. A faixa de encerramento, “Fly Like a Bird” é um espetáculo e provavelmente uma das músicas mais difíceis da história do gospel para interpretar. O nível é fora desse mundo.
Em “The Emancipation of Mimi”, Mariah Carey mostrou o que é um retorno triunfal para calar a boca de todos.
NOTA:
