“1989 (Taylor’s Version)”: Regravação é enxugada a ponto de parecer inacabada

“1989 (Taylor’s Version)” de Taylor Swift
Gênero: Dream-pop / Eletropop / Pop sintetizado
Gravadora: Republic Records
Data da análise: 27 de novembro de 2023

Em 27 de outubro de 2023, Taylor Swift lançou a sua quarta regravação de seu quinto álbum de estúdio “1989”, originalmente lançado em 2015. A regravação – entitulada como “1989 (Taylor’s Version)” – é mais uma dentre as quatro lançadas até agora, após o polêmico caso de “roubo” de direitos dos projetos musicais com o empresário milionário, Scooter Braun.

“1989” foi o álbum que mais produziu sucesso na carreira de Swift até hoje, produzindo 5 singles top 10 nas paradas musicais da Billboard dos Estados Unidos. O álbum até a data presente vendeu mais de 12 milhões de unidades apenas em solo estadunidense.

A espera pela regravação era uma das maiores por seus fãs, após um sucesso do álbum tão grandioso.

Porém, a regravação – feita quase 10 anos após o lançamento original – teve sua produção enxugada a ponto de parecer que todas as faixas são demos inacabadas.

O álbum inicia-se com a mal-feita “Welcome To New York” onde Swift canta:

“É uma nova trilha sonora, eu poderia dançar ao som dessa batida, batida
Para sempre
As luzes são tão fortes, mas nunca me cegam, me cegam
Bem-vinda a Nova Iorque (Nova Iorque)
Ela esteve esperando por você
Bem-vinda a Nova Iorque
Bem-vinda a Nova Iorque”

A faixa é uma abertura tão ruim, que nem parece que por vir é um dos melhores álbuns do repertório de Swift.

Na faixa seguinte, “Blank Space”, a produção rica de um dos maiores sucessos da artista, foi enxugada a ponto de parecer uma demo na qual Swift estava fazendo pequenos testes, com seu tom de voz meio “divertido” e “preguiçoso” – afinal, fazem quase 10 anos de seu lançamento original, e está tudo bem -. Há um sintetizador de bateria ao fundo que fica em looping por um bom tempo, entregando que a produção parece ser uma demo, o que acaba tirando o encanto da canção original.

As faixas não-single perderam ainda mais energia com o enxugamento da produção, como “All You Had To Do Was Stay”, “I Wish You Would”, “How You Get The Girl”, “This Love” e “Clean”.

Podemos deixar um destaque para as sensacionais “Style” e “Out Of The Woods”? “Style” é uma das melhores faixas do repertório inteiro de Swift e não há espaço para discussão.

O trecho de “Style” em que Swift canta:

“Você tem aquele olhar sonhador de James Dean em seus olhos
E estou com aqueles lábios vermelhos, o clássico que você adora
E quando nós terminamos, voltamos todas as vezes
Porque nós nunca saímos de moda
Nós nunca saímos de moda”

Simplesmente sensacional.

“Bad Blood” sem Kendrick Lamar nunca funcionou, principalmente para quem tem conhecimento da faixa com o incrível rapper. O sintetizador de bateria em looping infinito é cansado, e o lírico da faixa é tosco, convenhamos…

“Wildest Dreams” se manteve fiel à sua produção original, mas sentimos que faltou algo mágico como na versão original que é um encanto – assim como o videoclipe -.

Vale mencionar a fidelidade que Swift entregou nos ad-libs de todas as faixas, sem excessão. Apesar de sua voz ter mudado devido ao tempo entre o lançamento original e a regravação, os refinamentos adicionais foram lembrados e executados de maneira consistente e com muita identidade, o que é execelente.

Com a regravação, Swift trouxe junto algumas faixas descartadas – chamadas de from the vault (ou direto do cofre) – que, por aqui, deviam continuar no “cofre”. A produção enxuta não valorizou as faixas e presentear seus fãs mais fieis com essas faixas com certeza não serão as favoritas comparada as faixas novas de suas outras regravações. Com excessão de “Slut!”, que mais parece ser uma extensão de “Midnights” (2022), seu décimo álbum de estúdio.

O título apelador da faixa intriga, principalmente pela parte em que Swift canta:

“Mas se eu estou toda arrumada
Deixe que eles olhem pra gente
E se me chamarem de vadia
Você sabe que, pelo menos uma vez, vai ter valido a pena
E se eu vou me embebedar
Que fique embriagada de amor”

Confesso que esta parte é de prestar atenção, quanto mais com sua atmosfera obscura e voz com impostação a parecer que se trata de um segredo.

Em sua quarta regravação, “1989 (Taylor’s Version)” de Taylor Swift é tão enxugada que parece ser inacabada.

NOTA:

Escute “1989 (Taylor’s Version)” de Taylor Swift aqui

1 comentário em ““1989 (Taylor’s Version)”: Regravação é enxugada a ponto de parecer inacabada”

Deixe um comentário