“Oral” de Björk e Rosalía é um suspiro de autenticidade em meio a tanta mediocridade da indústria em 2023

“Oral”, canção escrita originalmente no final dos anos 90, foi lançada com uma colaboração com a artista espanhola Rosalía, pois Björk considerava a música ser “pop demais” para os álbuns “Homogenic” e “Vespertine”, lançados em 1997 e 2001, respectivamente.

Ela pensou em convidar Rosalía para a faixa após escutar seu último álbum, “MOTOMAMI” (2022). Todo o lucro da canção irá para uma corte que trata de casos de abusos sexuais.

O interesse em resgatar a canção dos arquivos foi devido a Björk estar acompanhando a CNN onde numa matéria sobre abusos sexuais, um dos abusadores diz “oral ou sem oral?”, o que a fez lembrar da canção, fazendo com que ela entrasse em contato com o seu empresário, que enviou a faixa três dias após o contato.

A faixa inicia-se de maneira bem tímida, com poucos elementos, e Björk com uma voz bem soprosa e falada. Ao fundo, um sintetizador de música eletrônica abafado toma conta junto com Rosalía.

No pré-refrão, a atmosfera da faixa fica obscura e intrigante, o que me faz lembrar de pontos de “Melodrama” (2017) de Lorde.

No refrão, a voz reverberada de Björk canta:

“É a coisa certa a se fazer?
Ah, eu não sei
Não sei
É a coisa certa a se fazer?
Ah, eu não sei
Não, não sei”

Ao se encaminhar para o final, o clímax da música revela a autenticidade vocal e melódica que a medíocre indústria da música de 2023 não apresentou. Um violino referencia ao próximo sintetizador eletrônico cru e grave, com vocalizes cheios de fry que se encerra em um cansaço instrumental repentino.

Escute “Oral” de Björk e Rosalía aqui